UM DEUS QUE TRIPLICA AMOR

Se há algo de que os cristãos podem e devem alegrar-se, é desta verdade: Deus nos ama tanto, a todos e a cada um, de uma forma tão infinita e misteriosa, que literalmente não fez o possível, mas sim o impossível, para estar sempre e sempre perto de nós. A solenidade em honra da Santíssima Trindade é ocasião propícia para tal recordação.

A afirmação acima exposta é fidedigna, ou seja, digna de fé. Senão, vejamos: temos um Deus Criador que, embora não precise da gente, criou-nos do nada. O Pai nos criou do pó e nos deu uma alma imortal, o dom da vida, o livre-arbítrio, a fé, etc. Quer mais que isso? Tem mais.

O Deus Criador, tão onipotente que não cabe em si mesmo, revelou-nos também suas duas outras Pessoas: o Deus Filho e o Deus Espírito Santo. Forma-se assim, num grande mistério, uma comunidade perfeita de Amor Infinito. Comunidade esta que não se resume a si mesma, mas vem até nós para que façamos parte dela. Quer mais que isso? Tem mais.

Embora, com nossos pecados, tenhamos traído a confiança e o amor do Deus que nos criou, não sofremos o castigo que merecíamos. Quando, por nossas faltas, nos afastamos do Pai, foi então que Ele desejou estar ainda mais perto da gente. Pediu-nos o arrependimento e a conversão, enviando o seu único e amado Filho, não para condenar o mundo, mas para salvar a humanidade. Na Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Deus passou a estar conosco concretamente, em carne e osso, em espírito e verdade, em corpo e sangue, alma e divindade. Quer mais que isso? Tem mais.

O Divino Filho, que veio ficar conosco por amor, não hesitou em pagar o preço dos nossos pecados. Deixando-se sacrificar no madeiro da cruz, venceu o mal e a morte, glorificado na sua estupenda Ressurreição. Confirmou seus Apóstolos, tirou-lhes os medos e os curou, deixando evidente a confiança depositada na Igreja fundada por Ele. Tendo tudo consumado subiu aos céus, de volta para o Pai. Quer mais que isso? Tem mais.

Conhecedor das nossas misérias, o Pai e o Filho não nos deixaram órfãos. Sabendo que somos um povo de cabeça dura, o Senhor misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel, enviou-nos o Paráclito, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Para quê? Para nos renovar constantemente a Fé, nos ensinar todas as coisas que precisamos e para impulsionar os fiéis e a Igreja com os seus divinos dons. Quer mais que isso? Tem mais.

É pela Trindade, com a Trindade e na Trindade Santa que a Igreja se move, avançando por séculos e séculos. É a ação conjunta dessa misteriosa e sagrada tríade que transforma as pedras da fria lei em Evangelho vivo que pulsa no coração e na alma da gente. Diante de tanto que nos foi dado por amor, o que a Trindade Santa espera então de cada um de nós?

A humanidade e a Igreja sofrem, juntos, mais uma grande crise, talvez a maior dos tempos modernos. E não se trata apenas de uma crise sanitária, econômica e financeira. Acreditem: o buraco é muito mais embaixo. Muito do que estamos sendo obrigados a sofrer ultimamente revela, sem sombra de dúvida, a tremenda crise moral, ética e espiritual do ser humano contemporâneo.

Nós, que somos chamados a viver na Fé, na Verdade e na Justiça, estamos infelizmente colhendo os frutos ruins plantados por uma grande parte do mundo que prefere rastejar no materialismo ateu, nas meias-verdades (que são mentiras inteiras) e na pós-verdade (o tal do "novo normal"), que levam a injustiças insanas e a pecados tremendamente bárbaros, mesmo para os padrões atuais.

O que fazer diante do caos que parece dominante? Viver cada vez melhor a Fé; caminhar cada vez mais na Verdade; praticar cada vez mais a Justiça. Tudo isso com o auxílio não de governos ou pessoas físicas. A verdadeira ajuda de que precisamos é a que vem de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Este mundo, com seus altos e baixos, continuará sempre mudando. O que não mudará, nunca, é o Amor Trinitário por nós. A Trindade continuará a nos ensinar e a nos fazer continuar em frente, rumo ao Céu. Em vinte séculos de história humana, quantas crises a Igreja já superou? Diversas! Enormes! Terríveis! E, mesmo assim, Deus é mais, o Filho é conosco e o Espírito é maior que o mundo. Nesta terra muita coisa vem e vai, chega e passa. A Igreja fica. A Igreja permanece. Igreja, sempre Igreja.

Sei que é difícil. Porém, cada qual faça a própria parte. Continuemos aperfeiçoando-nos, tornando-nos mais perfeitos aos olhos de Deus. Com alegria, sigamos nos animando. Que tal trocarmos as críticas bobas pela compreensão mútua? E que tal deixar de lado o comentário maldoso por uma palavra de incentivo? Se o mundo ainda rejeita a Paz que vem de Deus, não rejeitemos esta mesma Paz dentro das nossas famílias e comunidades. Nesta Paz, continuaremos sentindo, vivendo e testemunhando o mistério desse Deus que se desdobra, que se triplica e que se multiplica por amor.

Amém.

(Pe. Sala é jornalista e escritor, professor e teólogo, membro da Academia Ituana de Letras) 

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