TER IMAGENS EM CASA
NÃO É IDOLATRIA
Como mencionado em artigo anterior, uma grande questão que prejudica o relacionamento entre cristãos católicos e protestantes é a confusão desses últimos a respeito da nossa devoção à Virgem Maria, aos anjos e aos santos. Na cabecinha de muitos, nós criamos "ídolos" para cultuar e os colocamos no mesmo patamar de Deus, o que realmente configura o terrível pecado da idolatria. Só que a coisa não é bem assim.
Em primeiro lugar, os anjos e os santos não são inventados pela imaginação católica. A ação verdadeira dos seres angelicais é aceita por todas as religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Do mesmo modo, a Virgem Maria e seu esposo José, bem como outras pessoas consideradas santas, não surgiram de um conto de fadas. Elas existiram num ponto específico da história humana, em carne e osso.
Não se trata, portanto, de algo que faziam os antigos gregos, romanos ou vikings com suas mitologias. Zeus, Júpiter ou Thor jamais existiram. São personagens inventados, esses sim criados pela imaginação humana, que é pródiga em invencionices. O fato de fabricarmos quadros ou imagens de Deus, Cristo, Maria, os anjos, os santos, etc., é apenas para representá-los, ou seja, com a finalidade de catequese. Não temos como conseguir uma fotografia ou vídeo-chamada ao vivo, então...
Quem condena os católicos pelo uso de imagens está condenando o próprio Deus e não sabe. Basta o mínimo de conhecimento do Antigo Testamento para recordar duas passagens bíblicas. Na primeira, Deus manda fabricar a imagem de anjos para adornar a Arca da Aliança (Ex 25, 10-22). Na segunda, Deus pede que Moisés faça uma serpente de bronze para curar o povo de um baita castigo (Nm 21, 4-9). Digo e repito: acusar os católicos de idolatria é ignorância, má vontade ou maldade. E até mesmo tudo isso junto.
Resolvida a questão, não custa colocar a hierarquia da coisa toda. Na nossa vida católica adoramos Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Primeiro e acima de tudo. Depois, honramos a Virgem Maria. Na seqüência vem São José, esposo de Maria, Patrono Universal da Igreja e referência de santidade para todos os homens, principalmente os que são pais de Família. Depois vêm os anjos, os profetas, os mártires, os doutores, as virgens, etc. Ninguém compara o arcanjo São Miguel a Deus e o idolatra, por exemplo.
Na verdade, a melhor maneira de compreender o papel dos santos é considerá-los como amigos que já alcançaram o céu antes de nós e que nos deixaram muitos exemplos de como tocar a vida do jeito que Jesus propõe. Os santos falam através dos testemunhos que nos deixaram ou dos escritos e obras fizeram. Sendo pessoas tão dignas e estando já na presença de Deus, eles pedem em nosso favor. Ou seja, intercedem. Por que não crer nisso? Basta apenas um pouco de boa vontade, pois há lógica e verdade nisso.
Só posso falar por mim, então afirmo convictamente: eu preciso (e muito) da intercessão dos santos e santas que estão no Céu. Jamais desprezarei amizades tão ricas como as de São Francisco de Assis, Santa Teresa de Calcutá ou São João Paulo II. Seja num santinho de papel na carteira, num quadro na sala de casa ou numa imagem no oratório, todas as vezes que os vir, pedirei que me ajudem a alcançar também o Paraíso.
É algo tão fácil de entender, que só mesmo a parvoíce de alguns explica tanta confusão em torno do assunto. Não seria mais fácil aceitar de bom grado essas amizades?