SACRAMENTO NÃO É UM SIMBOLISMO

De modo bem raso de explicar, a função de um símbolo é representar algo que não está realmente presente. Se gosto de ursos, mas não os posso ter na minha casa, compro um de pelúcia ou um empalhado para colocar na sala. Ele simboliza um de verdade, mas não o é. O semáforo, com suas luzes, simboliza e representa o guarda de trânsito que, antigamente, ficava ali nas esquinas com essa função de orientar os motoristas. O desenho de um cachorro não late, embora mostre um cão para mim.

Erro basilar de muitos católicos é encarar os Sacramentos como símbolos e interpretá-los como os exemplos acima. Isso é fruto de uma catequese ruim e ainda muito tati-bi-tati. No Brasil, preocupam-se muito em catequizar crianças. Mas esquecem-se, depois de adultas, de evangelizá-las justamente como adultas, com um estudo profundo da Doutrina e uma vivência prática mais sólida e firme da Fé. Via de regra os brasileiros são sentimentalistas e pueris na prática do catolicismo. A minoria é madura de verdade.

Os Sacramentos são muito mais que símbolos, embora os sejam também. Cada um dos sete não apenas simboliza e representa, mas é. Santo Agostinho ensinava: "Une-se a Palavra ao elemento e acontece o sacramento". Por força do Verbo Divino, através de elementos que nós seres humanos podemos manejar, Deus se faz presente no meio de nós. A água do Batismo não é só H2O, é Espírito Santo. No altar não está apenas um padre, mas o próprio Cristo, na pessoa do sacerdote, pelo sacramento da Ordem.

Na confissão não se dá só um alívio de consciência, mas a limpeza e a cura da alma, que fica livre dos pecados. No Matrimônio o relacionamento é vivido não só por marido e mulher, mas por Deus junto com eles. Na Crisma, aumenta a presença do Espírito Santo em nossa vida. Na Unção dos Enfermos, fortalece-se a saúde da alma pedindo também pela do corpo. Na Eucaristia, fonte e ápice da vida católica, o pão e o vinho consagrados não são faz de conta: "Isto É o meu corpo. Isto É o meu sangue".

Os Sacramentos instituídos por Cristo, todos com a devida fundamentação bíblico-teológica, são o modo carinhoso inventado pelo Mestre a fim de permanecer sempre junto dos seus discípulos todos os dias, até o fim dos tempos. Enquanto não terminamos nossa missão terrestre, impossibilitados de conviver com Jesus na eternidade do Paraíso, vamos tendo e sentindo a presença dele no meio de nós pela via sacramental.

Ignorar a presença de Cristo nos Sacramentos é algo terrível, porque torna a religião uma coisa sem alma. Desprezar os Sacramentos, vivendo-os levianamente, é pior ainda, uma vez que assim se despreza o próprio Filho de Deus. Reduzir os Sacramentos ao simples status de símbolo é dizer que o Ressuscitado não vive e que não está sendo Emanuel Deus Conosco, diariamente presente em sua Igreja.

É uma pena que muitos busquem os Sacramentos sem a devida compreensão, várias vezes apenas para cumprir uma tabela social. As pessoas batizam, confessam, casam, comungam, mas não porque querem o Cristo presente de modo sacramental. Fazem tudo pensando em festa, em fotos, em agradar a avó. Menos agradar a Jesus. Acabam numa Fé falsa, de superficialidade e aparência. É triste. O católico que não aprende, ao longo da caminhada de Fé, a usar os Sacramentos como via real de santificação, vai encontrar fechados os portões do Paraíso. A culpa não será do Filho de Deus, pois ele sempre esteve aqui pertinho de nós. Azar de quem não o percebeu.

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