O PIOR PECADO
Quando Deus criou todas as coisas e a humanidade também, como obra-prima da Criação, o fez do modo mais perfeito. Como era então? Não o sabemos. Podemos especular somente. O que sabemos é que a obra perfeita e divina foi maculada pelo pecado.
Deus não é o criador do pecado. O pai do pecado é o diabo, cujo orgulho ferido e inveja em relação aos seres humanos o fizeram cair na desobediência e no ódio em relação a tudo e a todos, incluindo-se o Criador.
Lúcifer, o anjo mais luminoso, inteligente e belo, tinha tudo para ser feliz ao lado de Deus. Mas não aceitou que o Pai amasse mais aos seres humanos do que a ele. Tornou-se adversário do Criador por causa de sua mágoa profunda. De anjo luminoso, tornou-se um demônio das trevas.
A vingança de Satanás foi bem elaborada. Sabendo que não era um deus e que não poderia equiparar-se em força ao Criador, procurou atingir Deus justamente naquilo em que o Pai tinha colocado tanto carinho: a humanidade. Quando a serpente ofereceu a rebeldia ao gênero humano, fazendo-o cair no pecado, feriu a obra da Criação. A essência maligna do coisa-ruim riu de satisfação.
De lá para cá as modalidades e ocasiões de pecado multiplicaram-se exponencialmente. Alguns são antiqüíssimos e outros vão surgindo com o passar dos séculos. O diabo é pródigo em inventar novos tipos de pecado e criativo no modo de convencer muitas pessoas a cometê-los.
O Maligno continua enganando a muitos, fingindo que não existe ou que é apenas um cara com boas intenções, mas que foi injustiçado por Deus. Ele é matreiro, useiro e vezeiro em suas maldades. Uma delas é fazer com que muitos pensem que o pecado não existe.
O estilo de vida materialista da modernidade, que ilude a tantos com futilidades tão banais, deixa muitas vistas cegas quanto ao pecado. Quem é que pensa nisso hoje em dia, na salvação da própria alma? Estamos numa nova era hedonista onde os deuses são o ego, o estômago e a genitália.
Pecado, pecadinho, pecadão: todos são ofensas ao coração do Pai. Cada um deles fere nossa amizade com Deus e nos torna desgraçados (sem a Graça Divina). Não adianta jogar a culpa nos outros, tampouco justificar que esta ou aquela situação nos forçaram a pecar. Somos todos pecadores, ainda que a grande maioria não perceba tal verdade.
Qual é o maior pecado? São tantos! Em linhas gerais o pior é o orgulho, que leva à cegueira, à vaidade, à mentira, ao ódio e por aí vai, num novelo sem fim de maldades. No plano pessoal, cada qual sabe (ou deveria descobrir logo) quais são os pecados (sim, no plural, pois pecados andam sempre juntos e aos pares) que lhes desafiam.
Mentira, gula e cobiça? Fornicação, roubo e omissão? Talvez o maior pecado seja pensar que não se tem pecados. Talvez peque pior aquele que, mesmo ciente de seus pecados, não se volta para Deus com um sincero arrependimento e um pedido de perdão.
O maior pecado, quem o cometeu? O diabo, lógico. Foi Satanás o primeiro rebelde e autor de todo o mal. Porém nós, quando pecamos, nos tornamos seus associados e somente o caminho da conversão pessoal pode nos livrar dos grilhões do pecado.
Quando Jesus Cristo se encarnou e morreu na cruz para pagar com sangue o preço pelos nossos pecados, quem riu por último foi Deus. Satanás sabe que perdeu o jogo, por isso não respeita regras e apela tão covardemente. É um mau perdedor, desde sempre.
A vitória final não será do demônio, nem do pecado e tampouco dos pecadores. Vitoriosos serão os que estiverem ao lado do Nazareno, rejeitando e combatendo o pecado a partir de suas próprias vidas e pelo mundo inteiro.
O pior pecado é não ficar ao lado de Deus nessa batalha.
Amém.
(Pe. Sala é jornalista e escritor, professor e teólogo, membro da Academia Ituana de Letras)