O ESPÍRITO SANTO
NÃO É UMA ENERGIA
Como em todo finalzinho de século, nos idos da década de 1990 o mundo viu aumentar o número de crendices baseadas nas bobagens da chamada "Nova Era" (NE). As tais crenças esotéricas inundaram livrarias e lojas de materiais religiosos em geral. Foi um tal de dar nome aos anjos, de usar uma cor para cada dia, de colocar poderes relaxantes em pedras, etc. Um sem fim de charlatanismo e falta de critério racional.
A Nova Era pretendia (e ainda pretende) abarcar todas as linhagens espirituais numa só. É algo impossível, pois não existe isso de "todas". A Verdade é uma só: Jesus Cristo e o que ele nos revelou. O resto? É resto. Fora da Igreja, não há salvação. Sinceramente, a idéia da Nova Era é relativizar tudo. Afirmar que crendices são compatíveis com a Fé em Cristo e colocar tudo no mesmo balaio. Acender um incenso seria tão importante quanto participar da Missa... E por aí vai.
Esse relativismo todo também acabou contaminando o pensamento de inúmeros católicos, tanto do povo quanto entre teólogos. O movimento do Ecumenismo que, a princípio, seria vital na obra de evangelização, descaracterizou-se em muitos lugares. O que deveria servir para converter todos a Cristo, ou seja, à Igreja Católica Apostólica Romana, tornou-se um bobo chá de senhores e senhoras para relativizar as religiões. Ser de Cristo ou não, tanto faz. Ser católico ou não, fica opcional.
É claro que os nova-eristas acabariam influenciando negativamente a cultura católica. No imaginário de muitos o Espírito Santo seria uma espécie de "energia", um ser mágico e impessoal. A terceira pessoa da Santíssima Trindade vai muitíssimo além dessa interpretação pueril. O Espírito Santo é uma Pessoa, alguém com quem devemos interagir pessoalmente no nível da oração o mais íntima possível. É o Espírito do próprio Jesus Cristo, que procede do Pai e do Filho e nos foi dado pelo Batismo.
Esse erro na hora de refletir sobre o Espírito Santo faz com que vários católicos se percam em distrações outras, confundindo as práticas da Fé. Daí resulta aquela mistureba de coisas como a meditação oriental com frases feitas de auto-ajuda, das quais os "coachings" (treinadores) espirituais tanto se aproveitam. Coisas como o reiki e a recitação de mantras são colocadas falsamente no mesmo nível de importância com a meditação dos Salmos, a visita ao Sacrário ou a reza do Santo Terço.
É fácil constatar o estrago da Nova Era, principalmente nas novas gerações. Até não muito tempo atrás, era comum ver a maioria dos jovens usando um crucifixo ou medalhinha de Nossa Senhora no pescoço. Agora, predominam "pedras" com pretensos poderes de "energizar" e símbolos não cristãos que os próprios jovens sequer sabem o que significam. Nas catequeses em preparação ao sacramento da Crisma, em sua maioria infantilizadas, a juventude não consegue estabelecer um relacionamento verdadeiro com o Paráclito, fazendo da Confirmação uma mera formalidade dessa fase da vida.
Decerto que compreender o papel do Espírito Santo na própria vida é algo que demanda estudo e oração, mas sobretudo experiência. Ele age de forma misteriosa e sopra onde quer. O pontapé que devemos dar é abrir a mente e o coração, colocando a alma à disposição do Paráclito. A partir daí, é com Ele. Parece difícil, porém é menos complicado do que se imagina, embora seja sempre difícil explicar. Encare o Espírito Santo como uma Pessoa, não como algo objetificado, sem confundir a mística com misticismo.