NÃO TENHA MEDO DE SER FRACO

Nas conversas cotidianas, algumas pessoas demonstram uma grande preocupação em relação a diversas situações presentes no mundo atual. São inseguranças dentro e fora de casa, em vários níveis. Há quem pense que a maldade e a injustiça estão maiores do que em outros tempos. Penso que não: ambas estão apenas mais divulgadas e escancaradas diante dos nossos narizes.

Em nível global, vemos a sociedade humana presa numa sinuca de bico. A pandemia concedeu a governantes o direito de nos privar de liberdades individuais sagrados, em nome de um bem-estar que sabemos impossível de ser garantido. Novos tipos de guerra fria surgem graças a esta nossa era da tecnologia. O dragão chinês afia as garras e mostra seus dentes, abrindo cada vez mais as asas ameaçadoras rumo ao Ocidente.

No plano nacional, temos o império de pessoas mandando e desmandando na vida comum do cidadão, como se fôssemos meros peões num tabuleiro de xadrez. Perigosamente, os brasileiros vão desconfiando cada vez mais das instituições que deviam zelar pelo país. Uma polarização gigante, permeada por narrativas cada vez mais baseadas em falsidades, traz à maioria a percepção de estar vivendo numa peça teatral nonsense, farsesca.

Em nossas famílias, percebemos como a modernidade atacou em cheio esta que é a célula mater da sociedade. Os frutos do Iluminismo, da liberação sexual, do maio de 68 e das ideologias revolucionárias, são famílias desestruturadas, casais que não se entendem, filhos sem pai nem mãe, etc. Há casas nas quais Deus não é convidado a estar, onde o Senhor Jesus e a Virgem Maria são rejeitados sumariamente em nome do materialismo ateu.

Na vida particular, muitas pessoas andam desanimadas por ver tanta maldade ao redor. Ficam abatidas ao vislumbrar a aparente vitória do mal e dos maldosos. Há pessoas que perdem toda a perspectiva de vida, deixando esvaírem-se a graça de viver e o sabor da existência. Tornam-se refém de si mesmas, impressionadas com a própria fraqueza diante de tantos e tão enormes desafios que a realidade atual nos impõe.

Acontece que não podemos ter medo de ser fracos. E isso porque realmente o somos. As fraquezas e misérias dos seres humanos são amplamente conhecidas por todos e também por nós. Que novidade há nisso? Não é assim desde os nossos primeiros pais, que perderam o Paraíso? Não podemos nos espantar, nem quanto à maldade do mundo e tampouco quanto à nossa capacidade de sucumbir perante o mal.

Não significa, entretanto, que devamos nos conformar com a impiedade e assumir uma vida de derrotados. Diante de tantas coisas que nos afligem, devemos colocar nossa confiança em Deus e fazer da força do Pai a nossa. O apóstolo vai nos lembrar: quando somos fracos é que somos fortes, se deixarmos a vontade divina conduzir nossos caminhos.

Em Deus é que devemos buscar a coragem e a fé para viver em paz. É na rocha de Cristo que devemos alicerçar a nossa casa nesta terra, enquanto não formos para a morada definitiva no Céu. Precisamos treinar a fé, ter olhos para ver e ouvidos para escutar. Em vez de nos espantarmos com o mal, melhor é nos alegramos com o infinito Amor Divino. Em vez de lamentar o oceano de maldades, devemos ser gratos pelas gotas suaves da chuva de misericórdia que Deus faz cair em nossas vidas diariamente.

Portanto, não tenha medo de ser fraco. Ao contrário, aceite cada vez mais essa condição. Porém, uma vez ciente dessa verdade, torne-se forte em Deus, com Deus e para Deus. Faça do Pai do Céu a sua força e coloque tudo à disposição dos irmãos e irmãs. Entenda que Deus é o nosso refúgio e fortaleza, na hora da angústia e em todas as horas. Creia nisso, viva isso, tenha paz e alegria com fé nisso.

Amém!

(Pe. Sala é jornalista e escritor, professor e teólogo, membro da Academia Ituana de Letras)

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