ELEIÇÕES PANDÊMICAS

O Brasil é mesmo pródigo em situações inusitadas. Não é que em meio à uma das maiores crises globais da história humana teremos as famigeradas eleições municipais? Está para nascer uma força que interrompa o poder da democracia brasileira! Favor interpretar esta última frase em tom de ironia...

Não sei quem se recorda, mas existe no Congresso Nacional um projeto que visa unificar o nosso calendário eleitoral. Sim, porque muitos já se deram conta de que essa mobilização bienal em volta de eleições é improdutiva. Basta ter eleição marcada que nada funciona direito na política e suas repartições.

Se os políticos tupiniquins estivessem mesmo interessados em otimizar as coisas, a atual pandemia seria a oportunidade de ouro. Para tanto, bastaria cancelar as eleições de 2020; estender em dois anos os mandatos de prefeitos e vereadores (que não teriam direito à reeleição); e em 2022 elegeríamos, de uma tacada só: prefeitos, vereadores, deputados, senadores, governadores e presidente.

Caso a proposta acima entrasse em vigor, teríamos eleições a cada cinco anos. Se mantida a regra da reeleição, governantes em geral teriam condições de planejar e governar por uma década inteira. O ideal seria continuar restringindo o número de reeleições para cargos do Executivo e quem sabe do Legislativo também. Afinal, por qual razão uma pessoa precisa eleger-se deputado por sete ou oito vezes ininterruptas?

Acontece que, vem eleição e vai eleição, nada muda. Mesmo diante da pandemia não foi suspenso o vergonhoso e bilionário fundão eleitoral. Políticos de todas as escalas chafurdaram no Covidão e alguns já pagam o preço por isso. Nem mesmo o vírus chinês conseguiu matar a sanha dos corruptos em saquear os cofres públicos!

Não deixaria de ser irônico, se não fosse trágico, o apelo da Justiça Eleitoral para convocar mesários. Depois de meses papagaiando o tal do "fique em casa", agora o TSE implora voluntários para as eleições. Os políticos de sempre, como farão? Em tempos pandêmicos estão proibidos o aperto de mão falso e o tapinha enganador nas costas do eleitorado. Debates? Só sem platéia. Campanha eleitoral gratuita e curta, graças a Deus. Votações em dois turnos num mesmo mês de novembro.

Ninguém se esqueça de que o povo que resolver votar (sim, porque muitos preferirão ficar em casa) irá cobrar a conta de meses de lockdown meia-boca e forçado, principalmente nas capitais e grandes cidades brasileiras. Quem exagerou no controle da população, na restrição do comércio e no drama em cima da pandemia pensando lucrar, vai dançar bonito. O nosso povo já não é mais tão bobo quanto antigamente. Não podendo reagir como quer, reage como pode e se vinga na urna eletrônica.

Por último, não menos importante e já que estamos no assunto, nunca é demais lembrar: nenhum cristão, em são consciência, deve votar em políticos e partidos favoráveis à cultura da morte e à destruição da Família, ao aborto e à eutanásia, à união de pessoas do mesmo sexo, à extinção das religiões, etc. Votar em corrupto de carteirinha também não pode, isso está mais do que evidente.

Quem é o candidato ideal para um cargo público? Às vezes parece que tal figura não existe. Porém, um bom começo seria elegermos pessoas de bem, que acreditem em Deus e vivam os valores do Evangelho, entendam a importância e defendam a Família tradicional (a célula mater da sociedade), que respeitem liberdades individuais como as de expressão e da livre prática religiosa. Ah, sim! E que não roubem, por misericórdia!

Deus ilumine o povo brasileiro em mais um encontro com as urnas. Que as nossas eleições sejam mais um passo de fortalecimento da nossa imperfeita democracia verde-amarela e uma ocasião de nova purificação do sistema contra aqueles que o corrompem.

Amém.

(Pe. Sala é jornalista e escritor, professor e teólogo, membro da Academia Ituana de Letras)

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