COISA DE VÔ, COISA DE VÓ
No dia 26 de julho a Igreja Celebra a memória dos santos Joaquim e Ana, os pais de Maria de Nazaré e, portanto, os avós maternos de Jesus. Esse santo casal é, portanto, o padroeiro de todos os vovôs e vovós. Quanto aos avós paternos, sabemos que Cristo é Filho de Deus e foi adotado, assumido por José. Provavelmente os pais de santo varão já haviam falecido quando o Menino Jesus nasceu.
Vô e Vó são coisas tão boas que, normalmente, ganhamos dois pares deles quando nascemos. Não são só eles que se tornam avós, nós já nascemos sendo netos também. O amor dos avós é duplicado. Eles amam os netos em dobro, por isso costuma-se dizer que ser avô é ser pai duas vezes. Os pais e mães, que o digam: quantas vezes os avós ajudam na criação dos filhos!
Para o netinho, os avós são idosos desde sempre. Para um guri de 5 anos, o avô de 50 é velhinho. Para a menina de 5 anos, a avó já é uma senhorinha. Pelo menos costumava ser assim. Hoje em dia há uma onda de vovôs-garotos e de vovós-mocinhas. Nada contra, nem a favor. É a modernidade transformando também o jeito de se ser avô e avó.
Uma coisa que os pais detestam, mas os netinhos adoram, é que realmente os avós "estragam a criança". Tudo o que o pai proíbe, na casa do avô pode. Tudo o que a mãe não permite, na casa da avó ela deixa. Comer doce antes do almoço? Pode. Jogar bola no corredor da casa? E por quê não? Ficar vendo desenho até depois da meia-noite? Claro! E com os avós junto.
Será que os avós são mais condescendentes com os netos porque perceberam ser rígidos demais com os filhos, no passado? Será que os avós, percebendo que a vida pode acabar amanhã, preferem fazer vista grossa às traquinagens dos netos? Ou será que eles apenas não conseguem resistir aos netinhos, à sua energia infantil, à sua inocência pueril?
Vovôs e vovós são esse algodão-doce em forma de gente que Deus colocou na nossa vida para conhecermos o mundo com alguma docilidade. Eles nos amam e nos ensinam, nos corrigem (só que não muito, nem de forma dura) e quando partem deixam uma saudade imensa. A gente pode até se tornar avô ou avó, porém jamais se esquece dos nossos próprios avós.
Foi minha avó quem me ensinou a rezar as primeiras ave-marias e a oração ao Santo Anjo da Guarda. Quando adoecia, era ela quem ficava à beira da minha cama, dando remédio. Ao preparar um peixe para o almoço, fazia-o "conversar" comigo enquanto lhe tirava as escamas. Ouvi muitos programas do Zé Bétio e do Paulo Barbosa junto com minha avó. Foi ela quem disse, quando eu nasci: "Esse vai ser padre...".
E olha no que deu: a profecia da vovó se cumpriu e hoje agradeço a Deus porque fui ordenado sacerdote no dia de São Joaquim e Santa Ana. Parece que a Providência Divina quis me dar esse presente para sentir, também no meu sacerdócio, a doce presença dos avós de Cristo. Minha vó, muito católica, provavelmente assistiu minha ordenação lá do Céu.
Rezemos diariamente por nossos avôs e avós. Se você ainda os tem nessa vida, demonstre o seu amor. Para agradar um avô, não precisa muito. Para fazer sorrir uma avó, um abraço já serve. Se os seus avós já partiram para a eternidade, faça a memória deles. Recorde os bons momentos, os trejeitos e manias, as coisas engraçadas e emocionantes que viveram. Um avô nunca morre. Uma avó jamais perece. Eles permanecem vivos, na memória, no sentimento e na fé da gente.
Que São Joaquim e Santa Ana, pais da Virgem Maria e avós do Menino Jesus, continuem intercedendo por todos nós, especialmente por todos os vovôs e vovós!
Amém!
(Pe. Sala é jornalista e escritor, professor e teólogo, membro da Academia Ituana de Letras)