A IGREJA NUNCA VAI PARAR
Não é à toa que celebramos conjuntamente a memória dos grandes santos Pedro e Paulo, o primeiro Papa e o apóstolo dos gentios. Todos os apóstolos são importantes, bem como o são também os mártires de ontem, de hoje e de sempre. Porém, Simão e Saulo são excepcionais.
A vida de ambos foi muito diferente. Simão era pescador, homem rústico e de vida simples, mas atento aos sinais reais e naturais da vida. Saulo nasceu em bom berço, era considerado cidadão romano e estudou com os melhores mestres de seu tempo. Os dois eram homens de fé à sua própria maneira.
Cristo chamou os dois também de formas diferentes. Simão recebeu o convite pessoalmente, nas margens do Mar da Galiléia. Paulo foi convidado misticamente no caminho para Damasco. De modo igual eles deixaram tudo para seguir o Filho de Deus e iniciar assim um grande aprendizado na fé.
Antes do chamado de Cristo, viviam as próprias vidas de acordo com as próprias vontades. Ao seguir Jesus, entenderam que não poderia mais ser assim. Pedro e Paulo são grandes pela gigante obra de evangelização que realizaram e pelo papel fundamental que exerceram na Igreja nascente. Porém, são grandes mesmo não pela obra que fizeram, mas pela obra que deixaram Deus realizar em suas vidas.
Costumamos nos referir a eles, com justiça, como "pilares da fé" e "colunas da Igreja". Nosso Divino Fundador, a pedra que os pedreiros rejeitaram e tornou-se a pedra angular, quis necessitar de colunas sólidas para edificar sua Igreja. E o que sustenta a verdadeira Igreja de Cristo é a promessa que fez em resposta à profissão de fé de Cefas: as portas do inferno não prevalecerão sobre a Igreja.
Estamos todos assombrados com a realidade atual, onde o mundo parece estar de joelhos não em fervorosa adoração a Deus mas por terrível pavor. Nunca antes na história humana um vírus causou tanto caos e prostração, em tempo real e de modo tão massivo, simultâneo. Não vivemos uma pandemia. Vivemos um pandemônio. Os céticos farão gracejos: para mim há algo de satânico por trás dos tempos estranhos que estamos suportando.
Caos, confusão e tristeza. Desinformação, mentiras e controle. Morte, doença e carestia. Parece até que o diabo está tocando fogo no mundo. Muitos se deixam abalar, perdem a fé ou culpam a Deus. E para alguns fica a impressão de que as portas do inferno estão prevalecendo.
Em muitos lugares as igrejas estão fechadas e os fiéis não podem se reunir. A assembléia de devotos está dispersa, como rebanho de ovelhas perdidas. Após alguns dias seguindo rígidos protocolos para a volta das missas presenciais com o povo, volta a imposição da lei obrigando padres a fecharem-se novamente. Alguém lamentou para mim: "É, padre... A Igreja vai fechar de novo!".
Respondo: não! Nunca! Jamais! A Igreja nunca "fechou" e isso não acontecerá. A Igreja nunca vai parar. Temos a promessa: as portas do inferno tentarão mas não conseguirão prevalecer. Enquanto houver um sacerdote, pão e vinho, a Igreja poderá até estar trancada em segredo, mas aos olhos de Deus e no coração do povo ela permanecerá viva e ativa.
Sabemos em quem confiamos. Confiamos no Senhor Jesus Ressuscitado, o mesmo no qual confiaram São Pedro e São Paulo. Somos abençoados por fazer parte do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. Somos abençoados porque temos Pai e Mãe: o Papa e a Virgem Maria. Somos abençoados porque temos a intercessão dos santos Pedro e Paulo, além da de tantos outros. Somos abençoados porque é o Espírito Santo quem nos impulsiona, para descontento do mundo de inimigos da fé.
Permaneçamos firmes e fortes, com a coluna da fé em Cristo sustentando verdadeiramente toda a nossa vida. Que o mundo seja o mundo. Tenhamos no coração a Paz de Cristo. Você e eu, todos nós, continuemos sustentando-nos uns aos outros, qual firmes colunas. Seja você a coluna espiritual de si mesmo, da sua família e de todos os que Deus colocou no seu caminho. São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Amém.
(Pe. Sala é jornalista e escritor, professor e teólogo, membro da Academia Ituana de Letras)