A ALEGRIA NOSSA DE CADA DIA

Depois do natural desejo de permanecer vivo, algo que é puramente instintivo, a maior ambição do ser humano é ser feliz. A felicidade pode ser muito subjetiva, uma vez que os anseios de cada pessoa são muito diversos. O que me faz feliz pode não causar satisfação alguma nos outros e vice-versa.

Atualmente vendem-se diversas promessas de felicidade: estabilidade financeira, segurança emocional, independência pessoal, relacionamentos perfeitos, prazeres da cama e da mesa, experiências radicais, viagens surreais, experiências místicas, etc. É grande a oferta e a procura, porém não temos mais pessoas felizes agora do que em outros tempos da nossa história.

Um primeiro erro quanto à felicidade é desejá-la a qualquer custo, mesmo que seja o da perda da própria liberdade ou personalidade. Há quem se destrua por dentro, sem perceber, na busca de ser feliz. O resultado é contrário, por óbvio. Há quem passe por cima de amizades, laços familiares e valores sagrados, querendo com isso alcançar a felicidade que nunca virá assim.

Outro erro é o desejo da felicidade através dos sentidos, algo muito pueril mas que muitos não percebem. É falsa a alegria baseada somente no plano material em que vivemos. Há quem só se sinta feliz ao comer, ao beber, ao copular, fazendo disso sua meta perene de vida e não indo além. Trata-se de um escravo dos sentidos e tal escravidão, na verdade, não traz felicidade alguma.

Por último, mas não menos importante, é o erro de quem pensa ser possível a felicidade contínua nesta terra. Ninguém é feliz o tempo todo e não há nenhum complô do universo quanto a isso. É algo muitíssimo natural na vida de todos os seres humanos. A maior parte da nossa vida é de preocupações e sofrimentos, esforços e trabalhos. O que não nos deve impedir de saborear os frutos da nossa labuta, as pequenas e grandes vitórias conquistadas.

Eis então o dilema: é possível ser feliz mesmo em meio aos sofrimentos? Como se pode encarar as dores e ao mesmo tempo a felicidade? Nossa Fé em Cristo afirma que sim e muitos já descobriram esse caminho. Acontece que, neste mundo conturbado e materialista que habitamos, não são poucos os que se distraem com bobagens que jamais os levarão à felicidade real.

Uma mulher, ao dar à luz de modo natural, sofre e chora, geme e grita em meio a terríveis dores. Mas a perspectiva de que esse sofrimento todo é em favor do filho amado, de certa forma a encoraja e consola, fazendo-a persistir. Toda dor é esquecida quando a mãe, enfim, tem a criança em seu colo. É enorme a felicidade!

Alguns teólogos afirmam que, mesmo totalmente chagado e destruído na cruz, Jesus de Nazaré estava feliz. O Nazareno sabia que seu sofrimento libertaria a humanidade do pecado e que por sua chagas todos seríamos curados. O Cristo sabia que seu sofrer era necessário para vencer a morte e na glória de sua Ressurreição reinou a felicidade eterna, deixando as dores para trás.

A felicidade humana sempre pode ser refletida em linhas gerais. Porém, cada um sabe (ou deveria saber) o que realmente o torna uma pessoa feliz ainda nesta vida torta e rascunhada que levamos. Um bom caminho é não se iludir com as falsas promessas de felicidade e esforçar-se por viver os bons valores do Evangelho. É fazer com limões, uma limonada: usar os próprios sofrimentos como alavanca para algo melhor em benefício de si e dos outros.

Na Fé, também temos uma importante opção: a de não ficar com os nossos sofrimentos, mas oferecê-los em favor das almas do Purgatório ou pela conversão dos pecadores, que são muitos. Rezar pelos que precisam é um caminho para ser feliz. Oferecer as nossas dores a Deus e aos irmãos, também. Possa Deus nos ajudar e que cada um encontre, pelas estradas da vida, o próprio caminho da real felicidade.

Amém.

(Pe. Sala é jornalista e escritor, professor e teólogo, membro da Academia Ituana de Letras)

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